Reprodução
Quando chega a estação reprodutiva dos anuros, os machos ficam perto de corpos d’água e começam a vocalizar (coaxar) para atrair as fêmeas. As fêmeas conseguem avaliar o tamanho, a saúde e a capacidade do macho em defender o território, só escutando o canto deles.
Além de vocalizar para atrair a fêmea, os anuros podem emitir outros tipos de sons, como, por exemplo, defesa da fêmea e do território ou para evitar ser predado. Na estação reprodutiva, algumas fêmeas quando estão receptivas, emitem sons de resposta à vocalização dos machos.
Existem dois tipos de modos reprodutivos em anuros, a reprodução explosiva e a reprodução prolongada.
A reprodução explosiva está relacionada à espécies que têm períodos reprodutivos muito curtos, geralmente essas espécies se acasalam após as primeiras chuvas fortes do ano. Normalmente espécies de reprodução explosiva se acasalam em corpos d’água temporários. Machos e fêmeas praticamente chegam juntos ao local de reprodução, formando um grande grupo de indivíduos reunidos.
A reprodução prolongada está relacionada às espécies que têm períodos reprodutivos longos, elas podem se reproduzir durante muitos meses ou até o ano todo, desde que se tenha disponibilidade de água ou alta umidade atmosférica. Geralmente os machos chegam antes das fêmeas aos locais de reprodução e essas aparecem apenas para o acasalamento, indo embora logo em seguida. Poucas fêmeas aparecem à esses locais a cada vez, já os machos se dividem naqueles que ficam no local e defendem o território e naqueles que se abrigam em outro lugar e vão aos locais de reprodução somente a noite.
Geralmente os machos de reprodução prolongada tendem a ser muito mais territorialistas do que os de reprodução explosiva, pois tem mais tempo para se reproduzir, enquanto os de reprodução explosiva não tem tanto tempo para gastar energia defendendo o território.
Na maioria das espécies de anuros a fertilização é externa. Quando macho e fêmea se encontram, o macho se posiciona em cima da fêmea e dá um abraço nela, chamado amplexo. Com isso, ela libera os óvulos no ambiente, enquanto o macho libera, os espermatozoides, ocorrendo assim a fecundação. A fertilização interna existe, porém é menos comum, as espécies que apresentam esse comportamento são Ascaphus truei, Eleutherodactylus coqui, Eleutherodactylus jasperi. Além dessas, algumas espécies dos gêneros Nectophrynoides e Nimbaphrynoides, apresentam ovoviparidade e viviparidade.
Ascaphus truei - os machos possuem a cloaca modificada, formando um órgão copulador, semelhante a uma cauda. Por esse motivo são chamados de rãs-de-cauda. As fêmeas são capazes de estocar os espermatozoides no oviduto por muito tempo. Os ovos são depositados na água e os girinos são aquáticos.
Fonte: Inaturalist.org
Fonte: Inaturalist.org
Eleutherodactylus coqui - o acasalamento ocorre em ninhos protegidos. Os machos fica sobre a fêmea, mas o amplexo não ocorre de fato. Os ovos são terrestres e o desenvolvimento é direto, ou seja, essa espécie não sofre a metamorfose.
Fonte: Wikipédia
Eleutherodactylus jasperi - o comportamento de acasalamento dessa espécie nunca foi observado. Essa espécie é de Porto Rico, mas infelizmente é considerada extinta. A espécie era ovovivípara e a fêmea dava a luz a filhotes completamente formados.
Algo muito interessante de se ver é os anuros possuem diversos tipos de modos reprodutivos e desovas. Vamos ver algumas fotos deles a seguir:
1. Ovos aquáticos
Ovos depositados na água
Fonte: ib.usp.br/grant/Ra-touro_no_Brasil
Desova de Lithobates catesbeianus
Fonte: Instituto Rã-bugio
Desova em película de gel: estratégia de reprodução da maioria das pererecas.
Fonte: Instituto Rã-bugio
Desova em forma de cordão de gel: estratégia de reprodução de Rhinella icterica
Ovos em ninho de espuma
Fonte: Instituto Rã-bugio
Desova de Physalaemus cuvieri
Fonte: Instituto Rã-bugio
Desova em espuma flutuante.
A vantagem deste tipo de estratégia é que a espuma com os ovos irá acompanhar a lâmina de água à medida que a lagoa seca.
Fonte: Instituto Rã-bugio
Desova de Physalaemus olfersii
Depositar os ovos na água é a forma mais comum de reprodução das espécies ovíparas. Os ovos dos anfíbios não possuem uma casca para ficarem protegidos. Sendo assim, eles podem desidratar facilmente e desta forma, precisam umedecidos para que o embrião possa se desenvolver. Por isso eles põe os ovos envolvidos em substâncias gelatinosas, que irão proteger os ovos da desidratação. Estas substâncias que envolvem os ovos podem ser: espuma, película ou massa de gel, ou ainda cordão de gel. Como observamos nos exemplos acima.
Ovos incrustados no dorso de fêmeas aquáticas
Fonte: Herpetofauna
Fonte: Wikipédia
Pipa pipa: durante a estação reprodutiva, o tegumento do dorso da fêmea se torna espesso e macio. Durante o amplexo, o casal abraçado sai nadando em círculos. Quando a fêmea fica em cima do macho, ela libera alguns ovos que caem sobre a superfície ventral dele. O macho fecunda os ovos e, quando ele volta a ficar em cima da fêmea, deposita os ovos fecundados no dorso da fêmea. Os ovos penetram no tegumento macio e forma-se uma cobertura sobre cada um deles, formando uma cápsula. Os girinos nascem e ficam nessa cápsula até completarem a metamorfose.
Assista o vídeo abaixo!
2. Ovos terrestres ou arborícolas
Ovos no solo, sobre rochas ou em tocas
Fonte: Instituto Rã-bugio
O macho de Boana faber (perereca-martelo) escava ninhos em forma de piscina no barro, perto dos corpos d'água especialmente para a fêmea depositar seus ovos.
Os ovos ficam envoltos por uma película de gel e são brancos na parte inferior (imersa na água) e pretos na parte superior (que fica exposta ao sol), para que o embrião fique protegido dos raios solares.
Ovos em ninho de espuma (terrestre ou arborícola)
Fonte: Instituto Rã-bugio
Ninho de Leptodactylus notoaktites, dentro de uma câmara subterrânea. Essa espécie constrói uma câmara subterrânea em locais úmidos, que provavelmente serão inundados por enxurradas, em áreas de floresta ou abertas. O macho coaxa no interior dessa cavidade, onde a fêmea coloca seus ovos.
Os girinos nascem e vivem no meio da espuma aguardando uma enxurrada para serem liberados e completarem o desenvolvimento na lagoa formada.
Ovos arborícolas
Fonte: ppbio.inpa.gov.br
Desova de Callimedusa tomopterna em folha
Fonte: Instituto Rã-bugio
Perereca-de-bromélia (Ololygon belloni): deposita seus ovos na água acumulada nas bromélias.
Fonte: Instituto Rã-bugio
Desova da Pererequinha-da-restinga (Dendropsophus berthalutzae)
Ovos carregados pelos adultos
Fonte: Instituto Rã-bugio
Perereca-transporta-ovos (Fritziana fissilis): mãe transporta os ovos no dorso e, ao eclodirem, os girinos são despejados em diferentes bromélias.
Sapo-parteiro (Alytes obstetricans): macho transporta os ovos no dorso durante três semanas. Nesse tempo, pode encontrar outras fêmeas e juntar mais ovos. Quando os ovos estão prestes a se eclodir, o macho os deixa perto da água .
Cuidado parental
O cuidado parental é descrito em diversas espécies de anuros, em alguns casos é o macho que cuida dos ovos, em outros é a fêmea. Vamos ver alguns exemplos?
Fonte: Coluna "Bicho da vez", do MZUFV
Como vimos mais acima, os machos de Boana faber constroem ninhos de barro nas margens dos corpos d’água, para que os ovos sejam depositados. Após isso, ele cuida deles, como vemos na foto ao lado.
Esse cuidado acontece principalmente quando há uma grande quantidade de machos no local, pois eles tentam “roubar” o ninho um dos outros.
Pyxicephalus adspersus (rã-touro-africana): o macho protege os ovos e os girinos. Ele acompanha os girinos e até escava um canal para permitir que nadem de uma poça a outra.
Fonte: Endereço da Ciência
Fonte: Herpetofauna
Fonte: Herpetofauna
Sapos-veneno-de-flecha: os ovos são colocados no solo e um dos pais permanece com os ovos até eclodirem em girinos. Os girinos aderem ao adulto e são transportados até a água.
Rhinoderma darwinii (sapo-de-darwin): o macho dessa espécie abocanha os ovos fecundados e os carrega nas suas bolsas vocais. Os girinos sofrem metamorfose nos sacos vocais saem como filhotes totalmente desenvolvidos.
Fonte: animaldiversity.org
Fonte: adlayasanimals.wordpress.com
Fonte: lavoz.com.ar
Rheobatrachus silus: A fêmea engole os ovos ou as larvas recém nascidas, e as retém no estômago até a metamorfose. O estômago desses animais possui modificações morfológicas e fisiológicas para que isso possa acontecer.
Ranitomeya vanzolinii: tanto o macho quanto a fêmea cuidam dos ovos e dos girinos. De tempos e tempos, a fêmea coloca ovos não fecundados para que os girinos se alimentem.
Fonte: Biolib.cz
Fonte: Reddit.com
Fonte: Ranitomeya.com